Alcobaça

Cheguei a Alcobaça ao fim da tarde, num dia de calor em Agosto de 2009, vindo de Lisboa.

Depois do burburinho da capital que bem me senti naquela terra tranquila, sem pressas, atravessada pelos rios, de pouco caudal, Alcoa e Baça que se reúnem no rio Alcobaça.

Foi uma noite no Hotel Santa Maria, mesmo encostadinho ao terreiro do Mosteiro, alojamento agradável em quarto espaçoso com as comodidades necessárias e um bom pequeno-almoço. A minha nota pessoal para os hotéis leva muito em consideração a primeira refeição do dia. Não deixo de notar que, de uma forma geral, os hotéis portugueses servem bem aquele ligeiro repasto.

Alcobaça praticamente gira à volta do Mosteiro. Num ponto alto, em frente, fica o castelo. A encosta tem construções até à frente do monumento e ali se estendem as lojas comerciais e os restaurantes.

Aconselharam-me o restaurante António Padeiro, uma casa com tradição, fundada nos anos 30 do século passado. Saboreei um frango na púcara, prato tradicional desta terra. É um hábito conhecer a gastronomia local quando visito sítios que têm essa tradição. A cozinha portuguesa merece nota máxima e então há cada petisco por esse Portugal fora… Bom, continuemos a narrativa.

A visita ao Real Mosteiro de Alcobaça foi deliciosa ou não fosse eu amante do património em geral e do religioso em particular.

Doou D. Afonso Henriques em 1153, um couto que cobria 44 hectares, entre o Atlântico e a serra dos Candeeiros. Iniciou-se a construção em 1178 e prolongou-se por quase um século, o que se entende devido à dimensão desta obra.

A sobriedade presente neste edifício é condizente com os valores dos monges de Cister, já as dimensões são impressionantes – a igreja tem 19,2 m de altura e 17,22 m de largura.

Embora seja uma obra de arte gótica a frontaria da igreja é do estilo barroco com as remodelações de 1702. Na parte superior, entre as torres sineiras, num nicho está a imagem de Santa Maria, padroeira de Alcobaça e “mãe dos cistercienses”.

É no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça que jazem os amantes medievais D. Pedro e Inês de Castro como que em união eterna.

Os túmulos em rendilhado são artisticamente excepcionais e ambos com estátuas jacentes. Pena é que as tropas francesas, aquando das invasões, os tenham mutilado na ânsia de aí encontrar algo valioso.

No reinado de D. Dinis foi construído o Claustro do Silêncio, pois que não era permitido falar ali, por razões de ordem espiritual. De realçar as colunas de onde saem os arcos quebrados e de volta perfeita – é o maior claustro de arquitectura gótica nacional.

Ainda espreito a Sala do Capítulo e daqui passo para a Sala dos Reis com belos azulejos do século XVIII que contam a história da fundação do mosteiro.

Pelas paredes estão as estátuas dos reis de Portugal até D. José, executadas em terracota pelos monges. E que bom verificar que ali não estão representados os Filipes.

O dormitório em sala ampla. Os monges de Cister não admitiam celas individuais.

Além do refeitório há ainda a grande cozinha, mas que enorme chaminé! Até inspirou o arquitecto Souto Moura na casa das histórias Paula Rego.

Foram ao longo de séculos os monges de Cister os grandes dinamizadores desta terra, não só no lado espiritual, mas também no trabalho agrícola, na actividade caritativa e intelectual. Tornou-se famosa, no Portugal medieval, a biblioteca de Alcobaça.

A Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça está classificada Monumento Nacional desde 1907 e Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1989.

Sobre Fernando Barbosa

Gosto de fotografia, viajar, conhecer e sonhar e outras coisas mais ...adoro viver!
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